Vivia na região uma costureira, muito habilidosa a quem não faltava trabalho. Na ganância de ganhar cada vez mais dinheiro, trabalhava todos os dias, sem descanso, não respeitando os domingos e dias santos de guarda.
Tão obcecada andava com a tarefa que não tinha tempo para comer. Não se alimentava como devia ser, nem convivia com as amigas. Aos poucos foi perdendo as belas cores de rapariga jovem, empalidecendo e ficando cada vez mais fraca. Até que um dia, já sem forças, caiu de cama e, pouco tempo depois, faleceu.
Após a sua morte, os habitantes da aldeia começaram a ouvir, durante a noite, ora numa casa, ora noutra, o barulho de uma máquina de costura a coser e o de uma tesoura a cortar tecido.
As pessoas andavam intrigadas, comentando o estranho caso umas às outras. No entanto, havia uma casa onde tal facto sucedia com maior frequência.
Um dia, os donos da casa, muito aborrecidos com o barulho que os incomodava e atemorizava as crianças, resolveram deixar umas calças de homem, na sala onde o ruído era mais frequente.
Ao outro dia de manhã, quando se dirigiram para esse compartimento, depararam com as calças cortadas. Nos dias seguintes, o ruído da máquina continuou a ouvir-se. O dono da casa, muito aborrecido, exclamou:
– Isto não pode continuar assim, temos de pôr termo a isto!
Então, para espanto geral, ouviu-se uma voz dizendo:
– Não tenham medo, nem se zanguem. A minha alma não tem descanso porque eu não respeitei o Senhor, quando trabalhava aos domingos e dias santos de guarda. Ele castigou-me e, enquanto o mundo for mundo, andarei sempre a coser, só me salvando quando terminar.