Conta a lenda que, há muitos séculos atrás, vivia na região da atual freguesia de Algodres uma linda princesa moura. Era tão bela que os chefes mouros, das regiões mais próximas, tudo faziam para conquistar-lhe o amor, mandando-lhe presentes valiosos.

A bela muçulmana, a todos atendia, tendo o cuidado de não distinguir nenhum, mantendo-lhe acesas as pretensões, pois tinha interesse em os ter como aliados na luta contra os cristãos que ameaçavam as terras circunvizinhas.

O tempo foi passando e ao notar a impaciência que começava a invadir os pretendentes, e apercebendo-se que os cristãos estavam cada vez mais perto, resolveu dar a conhecer o eleito do seu coração.

Todos ansiavam por esse momento decisivo, cada um albergando dentro de si a esperança de ser o escolhido. Sem dúvida que seria invejado e admirado, ao conquistar o coração daquela mulher que todos enfeitiçara com a sua beleza.

Porém, o destino tem as suas brincadeiras e, na manhã em que a princesa ia mandar um emissário àquele que seria o noivo, a região foi invadida pelos cristãos, travando-se uma sangrenta batalha perto do local denominado “Cova da Moura”. Atualmente, este lugar fica no cruzamento da estrada que liga a freguesia de Algodres com a Estrada Nacional.

Apesar de os outros príncipes terem acorrido em seu auxílio, a princesa, apercebeu-se que os soldados começaram a fraquejar perante a furiosa investida dos cristãos. A luta prolongava-se há longas horas.

Temendo o pior, a bela moura dirigiu-se para junto do sarcófago de pedra, guardado por dois atléticos árabes. Com alegria e orgulho, reparava que, no mais acesso da peleja, era o emir preferido o que mais se destacava em atos de valentia. A escolha fora acertada!

Contudo, o exército cristão levou o inimigo de vencida e o pobre emir morreu. Desgostosa, a princesa cravou um punhal no coração. Os dois guardas deitaram-na no túmulo de pedra e cobriram-na com a bandeira.

Cansados, mas vitoriosos, os guerreiros cristãos acamparam nas redondezas, mostrando com a sua presença que aquela terra lhes pertencia. Porém, durante sete noites, os valorosos guerreiros não conseguiram dormir, inquietos com os lancinantes gritos de agonia que os aterrorizava.

Era a linda moura a atormentar o inimigo que a impedira de realizar o belo sonho da sua vida.