Era uma vez um fidalgo que sempre tinha sido muito devoto de Deus. O seu sonho era ter um filho e oferecê-lo para o serviço do senhor, tornando-se padre. Mas Deus não lhe permitiu que a vontade deste fidalgo fosse cumprida: a sua mulher morreu no parto do primeiro filho, que era uma linda menina.
Cego na sua fé, este homem educou a sua filha como se fosse um rapaz, preparando-a para ser padre e cumprindo assim o seu desejo.
Os anos foram passando e Marinha (era este o nome da menina, por ter os olhos da cor da água do mar) estava quase a ordenar-se quando o seu pai reconheceu a sua loucura e revelou a todos o seu pecado originado na cegueira da fé.
Era esta mesma Santa Marinha que aparecia num certo sítio da Penha. A devoção do povo fez com que erigissem uma pequena capela no sítio das aparições. Algum tempo mais tarde a santa deixou de aparecer, mas a fé do povo levou-os a procurar um artista que talhasse uma santa igual à que lhes tinha aparecido e foi este homem que, mediante a descrição do povo, os informou que a santa que viam era Santa Marinha.
(recolhido na Penha D’Águia em 2004)