Os Romanos começaram a conquista da Península a partir do ano 218 a. C., entrando em contacto com os povos que habitavam esta região 25 anos mais tarde.

Posteriormente, enquanto parte da Península estava a adaptar-se à civilização romana, este mundo estranho ergueu barreiras contra a romanização e só depois de século e meio de lutas ferozes, os povos desta região foram definitivamente submetidos. Foi sob o comando de Júlio César, então Pretor da Lusitânia, por volta do ano 61 a. C., que os romanos puseram fim aos periódicos levantamentos de Lusitanos e Vetões. Os Lusitanos, que eram o povo vizinho pelo oeste, estendiam-se desde o rio Côa até ao mar, com o Douro a estabelecer o limite da fronteira norte. As suas relações com os Vetões eram estreitas, de tal modo que se formavam grupos de salteadores entre os membros dos dois povos, que marchavam para outras regiões da península, para pilhar onde tivessem oportunidade.

A chegada dos romanos à Península Ibérica trouxe uma forma diversa de encarar os povos submetidos. A ocupação romana distinguiu-se da efectuada por outros povos invasores, devido ao carácter social e administrativo que instalaram e desenvolveram ao longo dos séculos. A introdução da língua latina, dos deuses romanos que aos poucos substituem as divindades locais, da organização administrativa do território, a abertura de estradas, a construção de pontes e templos, foram fatores que alteraram o “ modus vivendis” dos povos peninsulares.

A romanização manifestou-se em todo o território, como provam os vestígios arqueológicos, pois no sopé de muitas colinas, surgiram as Villae e os templos, sendo famoso a torre de Almofala, que apesar das várias alterações, conserva ainda o magnífico pódio romano e tem revelado importante espólio, que permite trazer alguma luz a uma época que foi importante para o definitivo desenvolvimento civilizacional desta região. A presença dos romanos no concelho de Figueira, está assinalado no Casarão da Torre em Almofala, nalgumas “ Villae” e em Aras votivas. De entre estas destaca-se a Ara Votiva do Casarão da Torre, descoberta nas escavações feitas junto à torre de Almofala.

A Ara apresenta a inscrição “ CIVITAS COBELCORVM “. Pode entender-se como uma referência à capital dos Cobelcos, um povo de que não havia referência. O achado leva a supor que terá existido no local, uma povoação de certa importância. Esta descoberta, segundo a investigadora Dr.ª Helena Frade, poderá revolucionar a história local e até nacional, pois deixa antever a possibilidade de ali ter existido a cidade dos Cobelcos, desconhecida até ao presente e que altera o mapa de distribuição das cidades conhecidas no período da ocupação romana da Península Ibérica.