A zona de Ribacôa, apartada no isolamento das suas pobres montanhas, manteve o arcaísmo da sua civilização. O surgimento de armas de bronze e estelas de chefes “heróis”, característicos nesta zona, confirmam a formação paulatina de uma sociedade de guerreiros- pastores. A estátua-menir de” Ataúdes” descoberta a cerca de 2,7 km para Este de Figueira de Castelo Rodrigo, remonta a esse período da história de que existem poucos testemunhos. O imponente monumento mede 2,96 metros de altura e 0,79 m de largura, apresentando dois motivos principais e centrais: uma figura humana e uma espada.
Trata-se de uma estátua armada, portanto uma insígnia estandardizada de poder. É a espada o único elemento que, objetivamente, nos possibilita uma aproximação à cronologia do monumento. A arma representada remeterá para um momento avançado do bronze antigo, finais do 2.º quartel do II milénio a. C.
Vigorou nestas terras uma sociedade chefiada por uma elite guerreira, consequência da hierarquização que era exigida para defesa das terras e gados, o controlo de vias e zonas de pasto.
No séc. VI a.C., a principal invasão celta alterou o quadro geopolítico da nossa região.
Castelo Rodrigo, pela sua inserção numa elevação, à semelhança de muitas vilas e cidades da região, faz-nos remontar a um povoamento de tipo castrejo, o que alguns restos arqueológicos vêm comprovar. Tratava-se sem dúvida de castros Vetões, os primeiros povoadores de quem existem vestígios.
Este povo pré-romano habitou uma zona que ia desde o rio Tormes até ao norte de Cáceres e desde Ávila até ao rio Côa. Eram fundamentalmente criadores de gado e por esse facto, procuravam para a instalação das aldeias, lugares e zonas montanhosas, onde abundassem pastos para os rebanhos.
As características do Concelho de Figueira adequavam-se perfeitamente às exigências de vida deste povo que buscava defesas naturais para a implantação dos seus povoados, que construíam em zonas escarpadas ou em zonas flanqueadas por rios profundos.
Este é o povo autor de numerosas esculturas em granito, os “Berrões“. Estas esculturas, colocadas nos limites das povoações, eram erigidos como manifestação de culto aos animais que constituíam a base da economia. Em Santo André, no limite da freguesia de Almofala, temos duas magníficas peças que remontam a este período.
Encontram-se ruínas de tipo castrejo em Castelo Rodrigo, Serra de Nave Redonda e Serra de Monforte. Nestas civilizações, a pedra assumia particular importância, nomeadamente na construção, mediante o emprego de um aparelho grosseiro.