ÁRABES
A invasão dos muçulmanos e a desintegração política e religiosa, incidiu directamente sobre o Ribacôa. Esta invasão fez ruir por completo a organização política do estado Visigótico, transtornando também a comunicação entre as cidades e o campo.
Nos primeiros anos da invasão, os colonos berberes instalaram-se em toda a zona do Douro. No Concelho de Figueira, existem vestígios da sua presença quer pela tradição oral (muitas são as lendas sobre mouras, fontes e sepulturas antropomórficas), quer pela marca deixada na toponímia, como podemos verificar nos nomes de Almofala e Algodres. Mas são ainda mais significativas as inscrições árabes sobre o lintel de uma porta na Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo.
RECONQUISTA CRISTÃ
Na idade média e num fenómeno que se mantinha desde longo tempo, a insegurança permanente parece ter funcionado como óbice para atrair e fixar gente, o que indica que estas terras permaneceram à margem dos fenómenos de recuperação demográfica e ordenação feudal que estava a ocorrer em zonas próximas. A situação começou a alterar-se desde meados do século XII, altura em que o monarca Leonês Fernando II, tomou no ano de 1161, a decisão de levar a cabo o repovoamento da zona de Ribacôa. Poucos anos depois, em 1189, Afonso IX de Leão, fixou os limites do concelho de Castelo Rodrigo, o primeiro a ser criado em terras do Ribacôa, tendo posteriormente, em 1209, atribuído à vila o foral.
O início do repovoamento, dado tratar-se de uma decisão política, não só preparava as bases para a futura colonização em massa, mas também ordenava a hierarquia do território e das populações, dentro dos marcos feudais do reino Leonês, o que provocou imediatas reações militares, do lado português, com o objetivo de impedir essa fixação.
A tentativa portuguesa de impedir uma fixação Leonesa radica na importância estratégica de que se revestia Castelo Rodrigo, de onde poderiam ser arremetidas sortidas contra o território português.
Deste modo, uma sociedade de fronteira, bastante desarticulada e sem nenhum controlo durante vários séculos, em poucas décadas havia-se convertido numa sociedade enraizada na fronteira.
Quando o rei lavrador sobe ao trono português, a situação militar do Ribacôa era clara, pois não obstante as incursões dos seus antecessores, que fizeram passar de mão alguns castelos, toda a região era Leonesa.
D. Dinis pretendeu alterar esta situação e, aproveitando uma fraqueza dinástica de Leão, desloca-se à Guarda e dali declara guerra a Fernando IV, menor, filho de Sancho IV, que tinha por tutor D. Henrique. O rei português inicia uma profunda penetração por Castela, avançando com êxito sobre Ciudad Rodrigo, passa a Salamanca e chega a Valladolid, regressando a Portugal para se apossar da Região de Ribacôa, tendo colocado guarnições portuguesas em Castelo Rodrigo, Alfaiates, Sabugal, Vilar Maior, Castelo Bom, Almeida e Castelo Melhor. Desta forma obriga os Castelhanos a assinar o tratado de Alcanizes em 12 de Setembro de 1297. Com este tratado, o nosso monarca, desiste das pretensões sobre Limia e Toronho e as terras de Aliste, mas exige o território que ocupara, passando a fronteira para o rio Águeda.
Este tratado teve consequências para as terras do Ribacôa, pois estas nunca mais voltaram a estar integradas nos domínios da coroa de Castela, com exceção para o período da união dinástica entre 1580 e 1640.
Desde aquela data as gentes deste Concelho, apesar de longe da capital do reino, mantiveram sempre erguidas as cores da bandeira, que defenderam com denodo, sem olharem a esforços, intervindo em variadas ações militares que permitiram consolidar na população o seu forte sentir nacional e patriotismo.
RECONQUISTA CRISTÃ
Foi precisamente neste século, que os nossos castelos começaram a ser adaptados às armas de fogo com a construção de troeiras e aumento da profundidade das linhas de fogo, através da construção de barbacãs .
O “… Livro das Fortalezas…”, de Duarte d’Armas, dá-nos indicações sobre a estrutura física da maior parte dos castelos situados na zona do Ribacôa, pois dos castelos compreendidos no tratado de Alcanizes, encontram-se representados nessa obra, os castelos de Castelo Rodrigo, Almeida, Castelo Bom, Vila Maior e Sabugal, não estando representados nesta zona da Beira, Castelo Melhor, Monforte e Alfaiates.
No desenho do códice de Madrid, lê-se « esta he hua gram ladeira de sobir» o que nos leva a lembrar que as características fronteiriças de Castelo Rodrigo, que o conde da Ericeira descreve como alcantilado e fragosa, eram benéficas para a defesa, aliado à própria fortificação que, apesar da escassa guarnição fazia parte dos castelos de 1ª linha.