Nobel da Literatura visitou Figueira de Castelo Rodrigo

“De Castelo Rodrigo eu conservava a imagem de há trinta anos, quando lá fui pela primeira vez, uma vila velha decadente, em que as ruínas já eram só uma ruína de ruínas, como se tudo aquilo estivesse a desfazer-se em pó. Hoje vivem 140 pessoas em Castelo Rodrigo, as ruas estão limpas e transitáveis, foram recuperadas as fachadas e os interiores, e, sobretudo, desapareceu a tristeza de um fim que parecia anunciado. Há que contar com as aldeias históricas, elas estão vivas. Eis a lição desta viagem.”

José Saramago in http://aviagemdoelefante.wordpress.com/

José Saramago acompanhado de sua esposa, Pilar Del Rio e por membros da Fundação com o seu nome, partiram de Lisboa numa rota pelo interior do país que os levou a percorrer os caminhos pisados pelo protagonista do seu mais recente livro “A Viagem do Elefante Salomão”. Esta viagem havia de cruzar a fronteira em terras figueirenses, que assumem um papel importante em toda esta jornada, que surgiu depois da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo lhe lançar o desafio, como realçou António Edmundo “em Dezembro de 2008, lançámos o repto a Saramago de refazer o percurso do elefante Salomão, e em boa hora a fundação preparou essa viagem entre o Tejo e o Douro, a um Portugal onde a água já não tem sal e deve ser bebida”.
Receber o prémio Nobel da Literatura é uma honra a que ninguém pode ficar alheio e pouco passava das 19h:30m quando entrou no Salão Nobre dos Paços do Município. António Edmundo deu-lhe as boas vindas e salientou a importância da obra e a forma em que ela pode contribuir para dar a conhecer um pouco mais toda esta região, ainda esquecida por muitos.
José Saramago, na sua intervenção, recordou a sua ultima passagem por Figueira de Castelo Rodrigo, em 1979, à 30 anos atrás, quando estava a escrever o livro “Viagem a Portugal”, e reconheceu-lhe mudanças significativas. “Hoje estou com uma sensação consoladora, porque o Castelo Rodrigo arruinado e decadente que eu conheci mudou completamente, e levo outra ideia do que pode ser o futuro desta região”.
Em Castelo Rodrigo, José Saramago descerrou uma placa evocativa à sua passagem por esta Aldeia Histórica e rumou até ao Palácio Cristóvão de Moura e no posto de turismo, numa sessão de autógrafos, contemplou os que o acompanhavam com uma dedicatória. Depois de pernoitar em Figueira de Castelo Rodrigo, Saramago e a sua comitiva voltaram a Castelo Rodrigo e usufruíram de mais uma oportunidade de contemplar de perto a beleza do local e das paisagens que se estendem aos seus pés e lançou o repto de se unir o conjunto de aldeias históricas da Beira Interior num itinerário salientando “que Salomão possa contribuir para isso”.