O local é aprazível e a imagem de muita devoção, não só entre os Algodrenses, mas também dos habitantes das freguesias mais próximas, a ele se deslocando muitas pessoas em romaria, ou no cumprimento de promessas. Algumas delas aproveitam a beleza e quietude do lugar para merendarem no fim das devoções.
Conta-se que, há muitos anos atrás, o sítio era bastante procurado pela população, em busca de pedra para a construção das casas, palheiros e muros. Um dia, andava um pedreiro a cortar pedra para as obras, quando a dada altura, se desprendeu um pedregulho e o pobre homem ficou preso. Cheio de dores, sozinho e não vendo ninguém por perto a quem pedir auxílio, recorreu ao Senhor dos Aflitos, pedindo-lhe que o livrasse de tão penosa e dolorosa situação, prometendo que ali mesmo construiria uma capela em sua honra, se alcançasse a graça pedida.
Como por milagre, naquele instante passou um almocreve que socorreu o sinistrado, levando-o no cavalo até à aldeia. Satisfeito o desejo, o pedreiro não descansou enquanto não cumpriu o que prometera. Das suas habilidosas mãos nasceu a pequena ermida que mal pode albergar a alta cruz que sustenta a imagem de Cristo. Dizem, que ela vai crescendo a pouco e pouco e que, quando chegar ao topo da cruz, o mundo se acabará.
A par desta lenda, que pode ter origens verdadeiras e nos dá uma lição de fé, ouvi também a história de um pastor. O pobre homem, temendo pela saúde das ovelhas, quando uma terrível doença grassava no meio dos animais, prometeu ao Senhor, uma certa quantia em dinheiro, se livrasse o rebanho desse mal.
Algum tempo depois, vendo que a prece tinha sido atendida, o pastor dirigiu-se para a capelinha e depositou a esmola prometida. Não tinham decorrido ainda muitos dias quando, numa ocasião em que por ali passava com os animais a caminho dos pastos, subiu os poucos degraus que dão acesso à ermida. Retirando a moeda que tinha depositado na caixa das esmolas, balbuciou, como se de uma oração se tratasse:
– Senhor, estava em grande aflição quando prometi deixar aqui esta moeda. Agora, como me sinto outra vez aflito, perdoai, mas tenho que a retirar, pois faz-me imensa falta.