Casarão da Torre“, “Torre das Águias“, “Torre de Aguiar” e “Torre dos Frades” são os nomes pelos quais é conhecido o que resta do templo romano, erguido numa elevação à fronteira da ribeira de Aguiar. Considerado Monumento Nacional, em 29 de Setembro de 1977, dizem ter sido neste local que se instalaram os primeiros monges de S. Bernardo, que fundaram o convento de Santa Maria de Aguiar.

a) Uma curiosa lenda diz que, no tempo da Reconquista Cristã, quando a região era devastada por constantes confrontos entre mouros e cristãos, a torre era habitada por um fidalgo, governador da região.

Um dia, quando caçava nas arribas do rio Águeda, foi surpreendido por uma patrulha mourisca. A luta foi renhida, mas o inimigo, em maior número, conseguiu derrotar o pequeno cristão, e o jovem fidalgo encontrou a morte nessa emboscada.

No entanto, um dos servos, embora ferido, conseguiu fugir e após dolorosa correria, chegou junto da torre e informou a esposa do amo, do triste acontecimento, avisando-a do ataque iminente dos soldados inimigos.

O fidalgo tinha por hábito, quando se ausentava da Torre, deixar a porta fechada à chave, de tal maneira que só ele a conseguiria abrir. Desesperada, a pobre viúva, sem poder fugir, viu os mouros a aproximarem-se em rápida cavalgada. Num rasgo de desespero e fé, pediu a Santa Maria de Aguiar para a livrar dos inimigos, dizendo, cheia de coragem, preferir morrer a ser violada.

Aproximando-se da beira da Torre, atirou-se dos altos muros. Foi então que, para espanto de todos, apareceu um cavalo alado que apanhou a desditosa senhora e a foi pousar em lugar seguro, fora do alcance dos mouros. A Virgem Maria tinha ouvido as suas preces e o milagre realizara-se.

Como sinal de agradecimento, a dama ofereceu todos os bens a Santa Maria de Aguiar. Entretanto, o chefe mouro, ao presenciar aquele milagre converteu-se ao cristianismo.

b) Outra versão da mesma lenda, conta-nos uma história com algumas diferenças significativas.

Diz que há muitos séculos atrás, a Torre era habitada por um rico fidalgo, invejado pelos vizinhos, não só pela riqueza que possuía, mas também por causa da linda mulher com quem casara. A sua formosura e fino trato, a todos deixava admirados.

Um nobre, que vivia no povoado de Santo André, era o que mais cobiça sentia pelos bens do seu vizinho, não ocultando o quanto lhe interessava a riqueza e a paixão sentida pela linda dama.

Resolvido a concretizar os seus desejos, pensou na melhor maneira de o conseguir. A ocasião surgiu quando, um dia, saíram juntos para caçarem. Não perdendo o vizinho de vista, procurava estar sempre perto dele, para lhe armar uma cilada na primeira oportunidade.

A dada altura, depois de muito cavalgarem pela zona das arribas, resolveram descansar um pouco. O calor apertava e a sede levou-os a procurar uma fonte. No momento em que o fidalgo da Torre se debruçava para beber, o outro cravou-lhe um punhal nas costas.

O movimento brusco e a queda do fidalgo sobressaltou o belo e possante cavalo que, em corrida desenfreada, se dirigiu para o “Casarão da Torre“. A dama, vendo o fiel animal, sem o marido, suspeitou do que se tinha passado. Fechando a porta, dirigiu-se para a janela mais alta.

Poucos instantes depois, viu ao longe uma nuvem de pó, levantada pelos cavalos do assassino do marido e dos soldados, que se aproximavam a bom cavalgar. Sabendo o que a esperava, a fidalga não hesitou, e saltou da janela, prometendo a Santa Maria de Aguiar que lhe doaria todos os bens se a salvasse.

Voando pelos ares, surgiu um cavalo alado, que a todos espantou, salvando a infeliz dama de morrer na queda, pousando-a em sítio seguro, onde a sua vida não correria perigo.