De acordo com a crença, havia em Almofala duas mouras encantadas: uma tinha o refúgio no “Ribeiro da Entravinha” e a outra no do “Seixo Redondo“.
Como em todas as lendas do género, aguardavam impacientemente por um destemido cavaleiro que, num ato de coragem, lhes quebrasse o encanto, podendo então retomar a forma humana, entregar-lhe a fortuna de que eram guardiãs e, quem sabe, poderem casar e serem muito felizes, pois a sua beleza era de entusiasmar qualquer um.
O dia apropriado para encontrar as “encantadas” era na noite de véspera do dia de S. João, quando toda a gente andava atarefada a molhar a cara na orvalhada e as raparigas solteiras deitavam mão dos sortilégios, dessa noite encantada, para adivinharem o futuro. Então, as duas “mouras” saíam dos secos, oferecendo-os às pessoas que passavam, dizendo:
– Serve-te, ingrato, nem para ti és farto.
Aquele que enchesse o bolso de figo, deixando o açafate vazio, quebraria o encanto à linda rapariga, mas ocuparia o seu lugar. Parece que o convite nunca foi aceite por ninguém e, ainda hoje, nessa noite mágica, por lá estarão as “encantadas” à espera do primeiro guloso que lhes tire o feitiço.